terça-feira, 13 de julho de 2010

Parte III - Ele não aparecia.

Não estava em lugar algum à vista de Ivie. E aquilo aconteceu de maneira muito despercebida. Parou de procurar e se deu conta de que todos a olhavam intrigados, esperando alguma explicação. Pensou logo em uma desculpa para disfarçar aquela situação e disse da maneira mais convincente:
- Poxa, pensei ter visto a Roberta, lembram dela?
- Aquela sua amiga gatinha? Que loira! Claro que me lembro. Delícia! - disse Gustavo, maliciosamente.
- Deixa de ser tarado, Gustavo. Toma vergonha na cara e caça uma mulher pra você. Uma só de preferência, ok?
- Iiiiiiiih! Tomaaaa! - A mesa disse em coro.
- O que eu posso fazer se todas me querem? Quero todas também! - replicou, deliciando-se em suas palavras com um sorriso largo. Ele sabia que tirava suspiros de muitas meninas com seus músculos bem torneados e aquela altura que lhe dava um porte e tanto.
Todos se deram por convencidos com a desculpa de Ivie. Ela se sentiu mais tranquila. A última coisa que queria era ter seu desespero percebido por um dos meninos ali. Nem quis imaginar o que fariam e falariam.
E os minutos passavam. Nada de Eduardo. A curiosidade parecia corroer Ivie, e ninguém ali falava dele. Ela que não perguntaria. Tinha medo que um deslize qualquer em suas palavras deixasse que todos percebessem sua preocupação. Preferia ficar totalmente calada a se expor.
Um celular começou a tocar na mesa. Era de André.
- Alô? - todos continuaram conversando enquanto André levantava para atender ao telefonema em algum lugar menos barulhento. Mas a conversa do grupo não era mais a mesma. Não havia a mesma animação, e, sem Eduardo ali, Ivie era a mais desanimada. Todos estavam meio cansados. Passava de meia-noite, e ela não entendia porque logo ele havia sumido sem dar nenhuma satisfação. Os segundos de silêncio que se seguiram foram quebrados por Sandro:
- Dudu deve ter se afogado na privada. Lesado do jeito que é... - Ele pareceu responder aos pensamentos de Ivie que teve a atenção redobrada. "É, verdade!" Ela não tinha pensado na possibilidade de ele ter ido apenas ao banheiro, mesmo que estivesse demorando para voltar.
- Credo, Sandro. - Disse Ivie em meio a risadas, descontraindo. Reiniciou sua procura se fixando na porta do banheiro masculino, lá nos fundos, de onde vários entravam e saíam. Uma mulher viu sair de lá (parecia uma), mas nem sinal de Eduardo.
André retornou a mesa. Sua expressão era de preocupação, mas não muita. Parecia mais intrigado do que preocupado.
- Era o Dudu no telefone. Disse que tá em casa. - Ivie olhou desolada para André. "Em casa?! Como assim?" Ela sentiu uma mistura de desapontamento e raiva. Quis ir embora naquele momento. A ideia de que Eduardo ainda estava no bar, mesmo que demorasse uma eternidade, era muito mais bem-vinda. Pelo visto, definitivamente, ele não estava e ela não encontrava mais razão pra estar ali sem querer estar. Tudo havia perdido a graça.
- O que que aconteceu pra ele ter ido embora desse jeito, cara? - Perguntou Robson surpreso, e todos os outros prestavam atenção.
- Bem, ele falou que quando levantou pra ir ao banheiro, a irmã dele ligou falando que a avó deles teve pressão baixa em casa e desmaiou. Ele foi desesperado pra lá. Disse que agora já tá tudo bem com ela, mas disse que nem vai voltar pra cá. - Disse André. Ele não parecia convencido do que acabara de falar. Apenas passou a informação e se sentou.
Pareceram satisfeitos com a explicação, mas Ivie não.
Todos já estavam enfadados esperando alguém dizer qualquer coisa que fosse pretexto para todo o resto ir embora. Gabriel tombou de cabeça na mesa totalmente inconsciente. Isso bastou.
- Eu acho melhor a gente levar o Gabriel pra casa. - Disse Daniel. Ninguém exitou. Levantaram na mesma hora.
- Vamo fazer o seguinte, eu levo o Gabriel e a Ivie no meu carro e o Robson leva o Sandro e o Gustavo, beleza? - Sugeriu André.
- Faço esse bem pra humanidade e levo o mala do Sandro. - Debochou Robson. Gustavo riu e levou um tapa na nuca, onde Sandro depositou bastante força.
- Eu sei que me ama de qualquer jeito, Robson. Nem faço questão da sua carona. Mas você ainda é melhor que um ônibus lotado de gente fedida. - Disse Sandro.
Enquanto todos estavam indo em direção a saída, Ivie puxou de leve André e falou:
- Você não pareceu muito convencido do que disse sobre o Dudu. O que que aconteceu de verdade?
- Po, aí que tá. Não sei o que aconteceu de verdade, mas não acreditei muito nessa história do Dudu não. A maneira como ele falou da avó... tava tranquilo demais. Me falou que a avó tinha desmaiado como se estivesse me contado sobre algum passeio. Eu acho que eu taria mais alterado se esse tipo de coisa acontecesse comigo. Eu conheço bem demais o Dudu e tenho certeza que ele tava mentindo. Cara, ele desapareceu do nada daqui.
- É, eu também achei isso esquisito. Bom, esperar pra ver né?
- É.
Depois de pagarem a consumação e saírem pela porta, o cérebro de Ivie estava à mil. Ele sumira depois de tanto encará-la. Alguma coisa tinha haver com ela. Mas hoje que não saberia nem entenderia nada. Dormiria mal, como de costume, com a mente fervendo. O jeito de Eduardo estava sempre fora de sua compreensão. Essa foi mais uma quebra de mais uma brecha que surgira.

Viviane Botelho

5 comentários:

  1. Ahhh depois de tanto temp esperando haha
    Adoreeei, adoreei *-*
    quando vai ter maais amiga?

    ResponderExcluir
  2. Eu quero que seja breve. Que a minha imaginação me ajude. rs

    ResponderExcluir
  3. Bom texto, queremos o fim da história.
    Gostei do layout do blog, por que mudou?

    ResponderExcluir
  4. Cansei do layout antigo. hahaha
    Valeu Luiz.

    ResponderExcluir
  5. amei a história , valeu a pena esperar (:
    parabéns prima , você escreve maravilhosamente bem !

    ResponderExcluir

O Universo agradece