Aquele cheiro de infância. Aquela saudade de voltar a ser criança.
De adorar comer wafer de chocolate com iogurte de morango na escola. De exibir a lancheira nova e de levar a Barbie na mochila para brincar no recreio. De odiar a aula de Educação Física quando era para correr 5 voltas no campo, mas amar quando era pra jogar Queimada. De ficar irritada com dois dentes moles, pedir à professora para ir ao banheiro e arrancar os dois. De assistir, religiosamente, Arnold, Doug, Fantástico Mundo de Bob, Barney, As Trigêmeas, Sabrina a Feiticeira, o Laboratório de Dexter, Meninas Super-Poderosas, A Vaca e o Frango, Johnny Bravo, Três Espiões Demais, Sorriso Metálico, Clube do Terror, Goosebumps, Bob Esponja e mais uma cacetada que dá preguiça de escrever. De realmente ter uma rotina de desenhos animados de segunda a sexta e ficar perdida por ser tudo diferente no final de semana - e esse ser o maior de todos os problemas da vida. De colecionar adesivos. De comer biscoito só por causa do Tazo. De brincar de clube secreto na casa abandonada no terreno vizinho. De lavar o quintal só para escorregar de peito no sabão. De arrumar toda a casa só para ouvir o elogio da minha mãe. De ver meu pai gravar zilhões de videocassetes pra eu passar o dia inteiro vendo filmes e mais filmes da Disney incansavelmente. De comer 5 ovos fritos, contar para os meus pais e não entender porque eles ficaram tão surtados. De comer um vidro inteiro de homeopatia, contar para os meus pais e não entender porque eles ficaram tão surtados. De aprender tudo na escola, chegar em casa e dar aula para os meus ursos – e dar bronca neles por não se comportarem. De querer pintar todos os desenhos do mundo. De querer desenhar todos os desenhos que assisto. De derrubar uma caixa inteira de ovos escada abaixo, quando minha mãe está prestes a sair de casa e atrasada. De dizer que sente dor de cabeça nas costas e não ver nada de errado nessa frase. De brincar de fazer comida com mato. De LEGO! De esperar ansiosamente pelos livros do Harry Potter. De brincar de “No Limite” no quintal de casa com as primas e catar a maior quantidade de minhocas na terra. De jogar Mario, depois Donkey Kong, depois Mario, depois Donkey Kong, depois Mario... De perguntar ao meu pai o que são os parágrafos realçados na Bíblia, ele dizer que é Jesus falando e eu – obviamente – colocar a Bíblia no ouvido e esperar Jesus falar comigo.
E voltei a ser criança só lembrando disso tudo.
photo: Viviane Botelho