sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Essa tarde



Estou no meio do céu.
Entre o sol e a chuva. 


De um lado, um céu azul e maravilhoso, e o sol quente a iluminar as folhas que suam a água da chuva impetuosa, o que aponta o outro lado: nuvens negras que observam de soslaio pelo simples prazer do desafio ao sol penetrante. Mal sabem elas que ele as cria. E ele gosta de brincar.



Estou no meio do céu. 
Entre o sol e a chuva. 


Na varanda de casa, sem saber o que é mais belo: o sol surgindo, a chuva enfrentando, o brilho molhado da terra regada, espelho da luz do grande astro. Ora sol, ora chuva. E aquele arrepio! Vento carregado de chuva. Poder sonoro transpassa os céus. E eu não me sinto um mero espectador da beleza perfeita. Foi de propósito! Pra eu me sentir viva; participante.



Estou no meio do céu.
Entre o sol e a chuva.


O sol me aquece. O arrepio vai embora. Mas a vontade é de ficar; viver; nunca parar de sentir. A chuva é linda e só me mostra o quanto quero mais o sol. E tudo escurece novamente. Ela não está pra brincadeira. E lava com vontade a terra. Mas, como eu disse, ele é quem gosta de brincar. E a chuva diminui. Com toda a sua magnitude e força, ele aparece. Mostra quem manda de uma vez por todas. E ela para. Quieta e obediente.


Estou no meio do céu.
Entre o sol e a chuva.


E sinto, desde as minhas entranhas, que as precipitações, a penumbra, a tristeza, a ansiedade, os problemas, o desapontamento, a raiva, a saudade, a mudança e a indecisão fazem parte de mim. É do que sou feita. Preciso da minha chuva e a desejo, pois agora sei que o sol sempre irá reinar, apesar de mim, apesar de tudo.


Estou no meio



Mas agora sei que tudo ficará ok.









                                                                                                             photo: web












Viviane Botelho


2 comentários:

O Universo agradece