sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Singular




Como se fosse um hábito longínquo sentir aquilo. Não era. Uma sensação reconfortante que transformou a mais louca empolgação na mais singela serenidade. Em questão de segundos, já havia se familiarizado de tal forma com o que estava sentindo que viciara. Não queria que aquele magnetismo, aquele choque de emoções, acabasse. Era lindo demais, era puro demais para que se esvaísse. Seus olhos quase não piscavam e seu corpo não movia um músculo. Não fazia sentido se mexer. Poderia perder um segundo e isso seria quase um sacrilégio para ele. A cada suspiro em seu peito, agradecia à Deus pelo privilégio de estar ali para viver algo que jamais se imaginou capaz de sentir. Quase como que por instinto soube que zelaria com todas as suas forças e, se necessário, com sua própria vida por aquilo que o fazia se sentir daquele jeito. Não explicaria: sentiria; faria.
  

                                                          Petrificado.

Era um lindo berçário. Ele tinha em seus braços seu primeiro filho, que o observava atentamente. Parecia saber que aquele, com a cara mais boba da face da terra, era seu pai. Era a ternura personificada em sua melhor forma.



Viviane Botelho




6 comentários:

O Universo agradece